Lideranças quilombolas visitam produção e processos de tratamento de esgoto com o apoio do G9 Saneamento Rural/APU

Objetivo do G9, grupo de mulheres especialistas do setor, é implantar no estado de São Paulo um modelo de Gestão Compartilhada do Saneamento, inspirado na referência Sisar do Ceará.

Saneamento básico é uma questão de direitos humanos, inclusão social e cidadania. Atualmente, o setor é orientado pela sustentabilidade econômica dos serviços, dependendo da capacidade de pagamento dos usuários. Segundo o Relatório do Conselho de Economia de Saúde para Todos, da Organização Mundial da Saúde (OMS), publicado em 2023, a economia tem produzido saúde precária e desigual. O relatório conclui que, ao valorizar e investir em Saúde para Todos, nossas economias e sociedades se fortalecem, permitindo que todas as pessoas floresçam e se tornem membros produtivos da sociedade, alcançando seu potencial de bem-estar e criatividade.

Nesse contexto, o G9 Saneamento Rural, um grupo de especialistas em saneamento, tem como principal propósito atuar tecnicamente no saneamento rural, observando a legislação vigente e contribuindo para a universalização do setor. O grupo identificou a potencialidade de implantação de um projeto piloto de saneamento em comunidades quilombolas localizadas no Vale do Ribeira. Com o apoio da Associação dos Profissionais Universitários da Sabesp (APU), desde outubro de 2021, o G9 tem realizado reuniões virtuais e webinars em busca de conhecimentos sobre modelos de gestão compartilhada do saneamento e tecnologias adequadas às especificidades locais.

Para o Quilombo André Lopes, que possui a formação de um aglomerado urbano, o G9, com apoio da Universidade Federal do ABC (UFABC), está estudando alternativas de tratamento de esgoto com um plano de horizonte de 20 anos para os moradores. O projeto também deve contemplar a população flutuante que frequenta a Caverna do Diabo, a Caverna do Ai Meu Deus, a Cachoeira das Ostras, entre outras atrações turísticas do quilombo.

Imagem do Quilombo André Lopes – Fonte: google 2022

O G9 Saneamento Rural tem como objetivo implantar no estado de São Paulo um Modelo de Gestão Compartilhada do Saneamento, inspirado na referência SISAR do Ceará. Esse modelo relaciona-se à gestão do serviço público em uma circunstância especial, na qual atores públicos e privados se unem para efetivar a prestação do serviço. Para incluir o beneficiário como sujeito ativo na tomada de decisões sobre o serviço e sua gestão, o G9 promove a participação social nas decisões que afetam comunidades isoladas em qualquer intervenção de infraestrutura de saneamento.

O G9 tem organizado visitas técnicas para que lideranças do Quilombo conheçam in loco a operação e manutenção de alternativas de tratamento de esgotos, com a possibilidade de geração de renda para a comunidade. As fotos abaixo mostram visitas realizadas em sistemas de UASB e de Wetland, cuja manutenção (poda do capim africano) ocorreu na semana anterior à visita

UASB na ETE Porto Cubatão Cananéia 30/08/2024
WETLANS – Holambra 11/12/023

 

 

 

 

 

 

 

A seguir, breve relato de recente visita Técnica (19/09/2024) organizada pelo G9 Saneamento Rural, com participação de lideranças quilombolas e profissionais da Sabesp envolvidos na elaboração de projeto, da operação e de gestão.

ROTEIRO

Dia 18/09/2024

Com apoio da empresa, foi locada uma van que partiu do quilombo André Lopes(município de Eldorado -SP), passou na Sabesp Sumidouro e transportou 10 participantes até o município de Contagem -MG

Dia 19/09/2024  – visita técnica

Interação e Integração no Coffee Break: Avanços no Saneamento

Durante o coffee break, iniciou-se a interação e integração entre os 11 participantes de São Paulo e os responsáveis da empresa anfitriã. Todos os presentes se apresentaram, e foi oportuno informar à empresa que a Sabesp, através da área de Inovação Tecnológica e Desenvolvimento Operacional, pretende realizar testes e monitoramento de sistemas de tratamento de esgoto instalados para atender à demanda atual e à obrigatoriedade de sanar deficiências de saneamento em comunidades isoladas. A superintendência buscará a melhor eficiência com menores ações de operação e manutenção.

Foi reservado um período para apresentação institucional, onde foram discutidas a concepção e informações sobre uma biotecnologia patenteada internacionalmente, capaz de constituir Estações de Tratamento de Esgoto (ETE) adaptáveis ao uso doméstico, condomínios horizontais e verticais, hospitais, escolas, hotéis, indústrias e cidades. Quando as unidades ganham maiores dimensões, é necessário incluir tratamento preliminar, constituído de gradeamento, caixa de areia e medidor de vazão Parshall. Dependendo das características ambientais e necessidades legais, as estações podem necessitar de um tratamento de polimento.

Estágios da Biotecnologia Apresentada:

  1. Contato do esgoto e sua respectiva biota com o blend de rizobactérias, reduzindo bactérias humanas.
  2. Produção de enzimas pelo blend bacteriano e início do processo de hidrólise.
  3. Desenvolvimento efetivo da hidrólise em processo anaeróbio, utilizando o OD presente, podendo haver desnitrificação..
  4. Manutenção do processo de hidrólise para polimento do efluente.

O especialista da empresa esclareceu as dúvidas levantadas e, em seguida, foi realizada uma visita à produção dos equipamentos, tipos de estruturas (unidades unifamiliares, de médio e grande porte) e ao local de armazenamento e introdução do blend de rizobactérias mencionado durante a apresentação institucional. Após o almoço, foi realizada uma visita in loco a uma instalação em operação em um hospital municipal, com características similares às unidades unifamiliares e de médio porte.

Próximos Passos do G9:

  1. Verificar com a TX a viabilidade de testes de equipamentos unifamiliares e de uma ETE compacta para tratar os esgotos do Quilombo André, onde os líderes quilombolas conheceram e avaliaram o processo em produção e funcionamento.
  2. Verificar com a UFABC e com a empresa fornecedora desses equipamentos o desenvolvimento e/ou orientações para efetivar o projeto do sistema de esgotamento sanitário que atenda toda a população, incluindo a população flutuante do Quilombo André Lopes.
  3. Verificar com a superintendência regional de operação da Sabesp a viabilidade e/ou orientações para a contratação e execução do sistema de esgotamento sanitário do quilombo.
18/09 – Parada para lanche
19/09 -Lideranças quilombolas
19/09 – Interação do grupo
19/09 -Visita em processo em operação

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