ARTIGO: QUANDO A RAZÃO CAUSA A CRUELDADE
Por Amauri Pollachi, associado da APU e da AAPS.
Conceito trazido por Hannah Arendt1 em que a racionalidade parece se banalizar a ponto de ser empregada contra a própria humanidade, a banalidade do mal se encaixa perfeitamente nos acontecimentos relacionados aos planos de saúde dos aposentados e pensionistas da Sabesp.
Caracteriza-se a banalidade do mal como como um grau extremado de racionalização e obediência cega às leis. Assim é quando patrões, empresários ou gestores públicos demitem, subjugam ou humilham pessoas, pois as enxergam apenas como números, não como seres humanos, aplainando a diversidade e coisificando indivíduos plenos de histórias e conteúdos próprios.
Quem está no processo de banalização do mal não se enxerga como o instrumento do mal, pois, invariavelmente, seu processo está assentado sobre uma divisão fordista do trabalho: a cada comando hierárquico ou executor de ordens cabe uma pequena ação destinada ao pleno exercício da razão.
A banalidade do mal também está representada no uso de técnicas e recursos jurídicos que acabam por mascarar a incivilidade e o caráter cruel dos atos. A racionalidade se volta contra a humanidade e não conduz à paz perpétua defendida por Kant2. Pois a razão não é somente construtiva: também se presta à destruição, às técnicas de extermínio. A razão que não reflete sobre o próprio pensamento é vazia, absolutamente desprovida de alma, de sensibilidade.
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