Roda de Conversa APU apresenta soluções implementadas para o Saneamento de Quilombos no Vale do Ribeira, em São Paulo

Evento online, que reuniu representantes do G9, Prefeitura de Eldorado (SP), CSAN/SIMA e UFABC, marcou o início das celebrações dos 35 anos da Associação.

Iniciando a série de ações em comemoração os seus 35 anos de fundação, a APU – Associação dos Profissionais Universitários da Sabesp realizou, nesta quarta-feira, 30 de novembro, a Roda de Conversa “Parcerias e Solução para o Saneamento de Quilombos no Vale do Ribeira (SP) – G9/APU”, com transmissão ao vivo pelo canal da entidade do YouTube.

Mediado por Vanderlei Pim, diretor de Desenvolvimento Profissional da APU, e Eliana Kitahara, articuladora do G9, a Roda de Conversa da APU contou Vania Lucia Rodrigues, integrante do G9; Gabriel Fusco, diretor do Depto de Agricultura e Meio Ambiente da Prefeitura Municipal da Estância Turística de Eldorado (SP), Ana Laura Pires Nalesso, assessora técnica de Gabinete da CSAN (Coordenadoria de Saneamento da Secretaria de Saneamento e Recursos Hídricos do Estado de São Paulo), e Rodrigo de Freitas Bueno, vice-coordenador do curso de pós-graduação em Ciência e Tecnologia Ambiental da UFABC.

 

Para abrir a Roda de Conversa, Eliana Kitahara citou a criação do G9, um grupo de nove mulheres especialistas em saneamento e qualidade de vida, que tem como principal propósito atuar tecnicamente observando a legislação vigente, contribuindo para a universalização do saneamento. A engenheira fez algumas considerações sobre o tema do encontro e a participação do G9 neste projeto com foc o nos quilombos do Vale do Ribeira, lembrando dos desafios que as comunidades isoladas, incluindo as regiões ribeirinhas e indígenas que abrangem as áreas rurais, enfrentam no âmbito do saneamento básico.

Eliana atentou para o fato de que não existem dados sobre essas áreas rurais, comunidades isoladas no Brasil. “Elas são consideradas invisíveis e esperamos que isso mude, principalmente com os novos governos federal e estaduais que vão assumir em 2023, pois existe o novo Marco do Saneamento, que está vigente, bem como temos as metas da universalização até 2033, que compreendem todos os municípios Além do que, temos que cumprir as ODS, com especial atenção ao ODS 6, que é Água Limpa e Saneamento para Todos, entre outros quesitos que precisamos atender no país. Mas para isso é necessário mudar a situação dessas comunidades, com políticas públicas, entre outros fatores que envolvem o saneamento”, observou Eliana.

A cerimônia de abertura contou com a participação especial de Edson Soares, presidente da APU, que agradeceu a presença de todos e enalteceu a iniciativa do G9 por tratar de uma questão tão relevante para a sociedade. “É muito importante esta parceria para nós, da APU, neste momento em que estamos completando 35 anos e iniciando nossas comemorações com este evento, que é o primeiro de uma extensa agenda de atividades que estamos preparando”, destacou.

Na sequência foram iniciadas as apresentações, com a participação da professora Vania Lucia Rodrigues, que mostrou o trabalho do G9 discorrendo sobre o histórico e atuação das nove mulheres especialistas em saneamento e qualidade de vida que compõem o grupo. “O objetivo principal é contribuir para a universalização do saneamento. Além disso, através do projeto piloto, o G9 visa executar ações e estudos de metodologias e tecnologias sociais junto com as comunidades, fomentar a integração de secretarias de estados, contribuir para o alcance dos ODS, potencializar a geração de renda das comunidades e realizar um projeto piloto de gestão compartilhada do saneamento”, destacou. Para atingir esses objetivos, Vania informou algumas iniciativas que estão sendo desenvolvidas pelo G9 desde 2021, citando a parceria com a Prefeitura de Eldorado, SP.

A professora detalhou as ações que envolveram articulação, reuniões e webinares em parceria com a APU e destacou parcerias importantes com a UFABC, visando o diagnóstico e a proposta técnica de solução de saneamento para esgotamento sanitário de cinco comunidades no Vale do Ribeira, e o SIMA/CSAN, no âmbito do Programa Água é Vida, com ações como o Mutirão Eldorado USIs, para instalação de unidades sanitárias individuais, que envolveu as representantes do G9, voluntários da Sabesp, UFABC, Fundação Florestal e líderes comunitários, entre outros atores, além de informações relevantes para a condução dos trabalhos.

Para falar sobre o case da Estância Turística de Eldorado, detalhando as ações já realizadas, as que estão em andamento e o que está previsto em prol da busca de soluções para o saneamento no município e, consequentemente, da região do Vale do Ribeira, Gabriel Fusco apresentou um panorama da região e informações alusivas ao projeto e às benfeitorias já alcançadas. “Em relação à quantidade de USIs já instaladas no município, como alternativa ao tratamento de esgoto sanitário doméstico, temos um TAC (Termo de Ajustamento de Conduta), que propiciou a instalação de 94 conjuntos, e estamos em andamento com novas instalações que serão feitas aqui, no município”, informou.

O especialista apresentou também algumas das iniciativas que foram efetuadas por meio das parcerias com o G9, por exemplo, e as perspectivas para o saneamento no programa Água é Vida, implantado em Eldorado em parceria com o CSAN/SIMA.

A engenheira Ana Laura Nalesso trouxe mais informações sobre o Programa Água é Vida, contando quais foram as bases que levaram ao seu surgimento no Estado de São Paulo, as parcerias envolvidas e os objetivos da iniciativa. “O programa é direcionado tanto para áreas isoladas e rurais quanto para populações de baixa renda e sua execução se dá por meio da celebração de um convênio entre o Estado de São Paulo e o município interessado para a transferência de recursos não reembolsáveis, visando a instalação do projeto na área pretendida”, explicou. Ela mostrou especificidades sobre o desenvolvimento do programa e dados produzidos até o momento.

A assessora do CSAN comentou sobre o projeto André Lopes, que visa atender a população no âmbito coletivo, devido à característica urbana e de muito adensamento de casas na comunidade quilombola. “Além de atender à comunidade porque visamos a universalização do acesso, temos o grande marco do saneamento, que o Estado está abordando no projeto, considerando as metas para o município como um todo, não somente na área urbana. Portanto, estamos muito preocupados e pretendemos atuar na área rural para alcançar a meta do marco em 2033”, observou Ana Laura, entre outros apontamentos.

Para falar sobre “Alternativas de Tratamento de Esgoto Sanitário para os Quilombos no Vale do Ribeira (SP)”, o professor Rodrigo de Freitas Bueno, da UFABC, fez uma contextualização sobre a análise do projeto, detalhando questões que envolvem a coleta de esgoto e seu tratamento, e citou alguns desafios que  envolvem o desenvolvimento do empreendimento na região.

Em sua palestra, o professor mencionou sobre os sistemas descentralizados de tratamento de esgoto e todas as especificidades que envolvem esse tipo de projeto em comunidades isoladas. “Temos muitos desafios. O primeiro é a escolha do sistema de tratamento mais adequado para cada situação. É uma tarefa complexa que envolve a avaliação de muitas variáveis e tipos de sistemas disponíveis, sendo que não há um consenso sobre qual é o melhor e mais adequado do ponto de vista técnico. Não existem soluções milagrosas, generalistas, que possam ser aplicadas para resolver todos os tipos de problemas em torno do saneamento, pois cada local apresenta uma situação diferente, por isso o diagnóstico da área é muito importante”, pontuou.

A roda de conversa foi finalizada com as perguntas efetuadas pelos participantes e considerações finais dos especialistas.

Assista à transmissão completa no canal da APU no YouTube (clique aqui).

Em breve serão divulgadas as próximas atividades das comemorações dos 35 anos da APU.

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