APU, 34 anos: Hugo de Oliveira, primeiro presidente, fala sobre a trajetória da Associação

Neste sábado, 27 de novembro, a Associação dos Profissionais Universitários da Sabesp (APU) completa 34 anos trabalhando para representar os trabalhadores do saneamento e promovendo o diálogo entre o setor e a sociedade, buscando a universalização dos serviços e a preservação do meio ambiente.

Para recapitular a história da Associação, conversamos com Hugo de Oliveira, que foi o primeiro presidente da APU e participou de todo o processo de criação da entidade. Na entrevista, a seguir, ele fala sobre a motivação da criação da Associação, como foram os processos de concepção, quem participou dos trâmites e a participação da APU em debates importantes sobre o saneamento no Brasil. 

Confira:

 

APU SabespO que motivou a criação da APU?

Hugo de Oliveira – A criação da APU surgiu da necessidade de representatividade dos profissionais universitários que não eram engenheiros. Cabe lembrar que na década de oitenta na Sabesp existiam duas associações que congregavam os empregados: a Associação Sabesp e Associação dos Engenheiros da Sabesp (AESabesp). A primeira promovia essencialmente atividades socioculturais para todos os empregados da empresa enquanto a segunda representava os interesses dos engenheiros tanto do ponto de vista de aspirações profissionais como no aspecto salarial mediante ação conjunta com o sindicato dos engenheiros. Considerando que os demais profissionais não universitários tinham suas demandas trabalhistas no dissídio coletivo encaminhadas pelo denominado Sindicato da Purificação, os profissionais universitários que não eram engenheiros não possuíam um canal para negociação de suas aspirações específicas.

Diante deste quadro, um grupo de administradores que trabalhavam na divisão de Recursos Humanos (RH) decidiu participar de uma assembleia da AESabesp, encaminhando o pleito de tornarem-se associados da mesma. Este pedido foi rejeitado tendo o grupo se retirado da assembleia.  Como a assembleia foi realizada no auditório da Costa Carvalho onde eu trabalhava no momento que o grupo do RH se retirava da assembleia eu estava passando e eles me comentaram o que havia acontecido.  Para consolá-los eu disse que o problema poderia ser facilmente resolvido bastando que se criasse uma nova associação que fosse composta por todo e qualquer profissional universitário da Sabesp, inclusive por engenheiros que a ela desejasse se associar.

APU Sabesp – Quais os processos de criação da associação?

Hugo de Oliveira Para surpresa minha, fui procurado na Costa Carvalho pelo grupo do RH que havia considerado excelente a ideia e queriam colocá-la em prática. Neste sentido, desejavam dar início ao processo de criação da nova entidade e gostariam que eu participasse. Para nós, economista, a ideia de uma associação que nos representasse em termos aprimoramento profissional e reivindicações salariais era muito boa assim que aceitei o convite. Ofereci a eles as dependências da antiga Superintendência de Planejamento Econômico (SPE) para realização das reuniões preparatórias das assembleias que eram necessárias e para discussões sobre a montagem dos estatutos. Também no período da criação, comunicamos a AESabesp, através do engenheiro Paulo Ferreira, na época superintendente da Diretoria de Construção, que iríamos criar uma associação que aceitaria a todos os universitários.

APU SabespQuanto tempo durou para sua criação ser concretizada?

Hugo de Oliveira – O processo se inicia nos finais de 1985 com a realização de assembleias e a discussão dos estatutos. Muitas reuniões foram feitas, incluindo os profissionais universitários que trabalhavam na então chamada diretoria do interior. Nas assembleias realizadas, foi ratificada a decisão da inclusão de todos os universitários. Uma vez cumpridos todos os requisitos para criação de uma entidade a APU foi estabelecida formalmente em meados de 1987.

Logo após o registro da entidade, a diretoria eleita solicitou uma audiência com Gastão Bierrenbach, então presidente da Sabesp, para comunicar a criação da APU e reivindicar a cessão de um espaço em um dos prédios da Costa Carvalho para poder instalar a sede da nossa associação. Não houve uma resposta clara com relação a nossa reivindicação de forma que começamos a operar sem sede.

APU SabespQuem participou do processo de criação?

Hugo de Oliveira – Como disse anteriormente, o processo de criação envolveu o grupo do RH e um grupo de economistas e contadores das Diretorias Financeira e de Planejamento. Minha memória não ajuda muito, mas posso destacar pelo menos duas figuras que considero primordiais no processo: José Jairo Varoli e Egídio Perrone Neto. Os dois fizeram parte da primeira diretoria onde eu fui convidado a ser o primeiro presidente.

Os primeiros anos da APU foram anos difíceis, embora contasse com alguns associados, a receita não dava para exercer o mandato para o qual a mesma tinha sido criada. Mesmo assim, conseguimos editar dois jornais para divulgação da entidade graças a ajuda de pessoas amigas da consultora Hidrobrasleira. Também a partir 1987, por motivos profissionais, tive que me manter afastado da Sabesp por alguns períodos relativamente longos, sendo substituído na presidência por Jairo Varoli.

A falta de uma sede e a escassez de recursos financeiros fez declinar a euforia inicial e a APU paulatinamente foi sendo desativada. Nunca chegamos a fazer nova eleição e em 1992, quando eu fui trabalhar no BID, a associação praticamente não existia mais.

APU SabespComo foi a participação da entidade nas discussões e ações para impedir a privatização da Sabesp?

Hugo de Oliveira – Em 1994, um outro grupo de profissionais da Sabesp decidiu retomar as atividades da APU para usá-la como um canal de comunicação com os postulantes ao Governo do Estado para apresentar aos mesmos uma proposta de um novo modelo de gestão para o saneamento em São Paulo.  Nesta retomada, cabe lembrar nomes importantes como por exemplo: Roberto Guerra Cavalcanti, Paulo Menezes e Neusa Simões que participaram ativamente nas reuniões memoráveis, para discussão de alternativas de modelos de gestão.

O modelo proposto no documento chamado “Bases para um Novo Modelo de Gestão do Saneamento no Estado de São Paulo” foi adotado praticamente em sua totalidade pela nova diretoria da Sabesp que tomou posse em 1995. A partir deste, foi iniciado um amplo redesenho organizacional para reverter o quadro crítico que se encontrava a empresa nos aspectos institucional, operacional e empresária sendo que o resultado desta mudança se pode ver hoje espelhados na pujança da Sabesp.

Finalizando gostaria de expressar minha gratidão a Diretoria da APU pela lembrança dos profissionais universitários que na década de 80 sonharam com uma entidade que pudesse lhes representar, atuando de forma participativa tanto para seu aprimoramento profissional como para a melhoria da gestão do saneamento e do meio ambiente na área de atuação da empresa.

 

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A Associação dos Profissionais Universitários da SABESP visa representar os trabalhadores do setor de saneamento, bem como ser uma ponte entre o setor e a sociedade.

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