O brasileiro pula no esgoto, adoece e morre

Fonte: ondasbrasil.org/

foto: Luciana Nicolau Ferrara

Em meio à pandemia da Covid-19 (coronavírus), com números crescentes de casos de contágio e mortes no Brasil, o presidente da República afirmou que “o brasileiro pula em esgoto e não acontece nada”, o que foi replicado na grande mídia. O uso irresponsável de frases de efeito, com fins políticos, tenta passar a ideia de que a doença é uma “gripezinha” e que o brasileiro é forte, “protegido por Deus”, e, portanto, apto para voltar a trabalhar e garantir a atividade econômica, saindo do isolamento.

Está muito longe da verdade dizer que “não acontece nada” quando o brasileiro pula em esgoto. Viver em contato com esgoto é a pior condição humana que se pode imaginar. E é muito contraproducente para a sociedade receber esse tipo de informação. Mais uma vez, o presidente ignora o conhecimento científico e da saúde pública. As chamadas doenças de veiculação hídrica são muitas (amebíase, giardíase, criptosporidíase, gastroenterites, febres tifoide e paratifoide, hepatite infecciosa, cólera, diversas verminoses), e transmitidas a partir do contato com água contaminada. São tipicamente doenças decorrentes da falta de saneamento básico e podem causar: diarreia, pneumonia e infecções, febres altas, dores abdominais, vômito, dores musculares e de cabeça, meningite e erupções na pele. E podem levar a óbito, principalmente em crianças. Segundo a OMS (Organização Mundial da Saúde), a falta de saneamento reponde por uma alta proporção das doenças no mundo, representando 2 milhões das mortes preveníveis e 120 milhões das doenças preveníveis em todo o mundo. Crianças com menos de cinco anos são desproporcionalmente atingidas: 13% de todas as mortes e 12% das doenças nessa faixa etária estão relacionadas ao saneamento precário.

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